sábado, 7 de junho de 2008

Potencial da energia eólica cairá até 60%

Folha: (da Sucursal do Rio) O potencial de geração de energia eólica cairá até 60% até 2100. O estudo feito no Rio de Janeiro se baseou nos números de velocidade média anual do vento projetados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) para o período de 2071 a 2100 e tem como referência uma velocidade mínima de 6 m/s.

As simulações realizadas pelos pesquisadores da Coppe mostraram uma perda de potencial eólico no interior e uma concentração de áreas com potencial no litoral Norte e Nordeste. Na costa, aumentará a ocorrência de ventos com velocidade superior a 8,5 m/s, mas isso não chegará a compensar as perdas do interior.

A concentração em áreas favoráveis pode facilitar a viabilidade econômica dos projetos, diz o trabalho. "O potencial que sobra é economicamente viável", afirma Alexandre Szklo, um dos autores do estudo.
Pelas projeções feitas pela UFRJ, até mesmo a produção de energia offshore pode ficar atraente. "Embora as tecnologias offshore tenham custos altos, as restrições ambientais poderão ajudá-las".

Para Maurício Tolmasquim, presidente da EPE, o país não teria condições de explorar o potencial integral. "Teria de lotar o país de cata-ventos. Os resultados mostram que há um potencial na costa".

Segundo Claudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, a energia eólica está apenas começando no país e os resultados não reduzem a sua atratividade. (JL)

Comentário do Blog: A previsão inicial é de que vai haver uma grande mudança nos ventos no Brasil. No Nordeste os ventos deverão ser mais fracos no interior e mais fortes no litoral. Se assim for a produção de energia eólica se tornará mais rentável na região, que já é bem dotada de ventos. Soube que os mapas de intensidade de vento no Maranhão serão realizados, brevemente.Esses dados ajudarão na decisão de empresários pelo investimento de energia eólica, que é energia limpa, nos estados nordestinos.

Geografia da biomassa será redesenhada pelo novo clima

Folha: (Por Eduardo Geraque) As mudanças climáticas previstas para este século, especificamente dentro das fronteiras do Brasil, vão redefinir a geografia da produção da biomassa. Este processo, portanto, terá um impacto significativo sobre a produção dos biocombustíveis, uma das grandes bandeiras do governo federal.

"O mercado da produção de cana-de-açúcar [incluído também o que vai para os alimentos] deverá movimentar, em 2020, R$ 47,5 bilhões por ano", afirma Hilton Pinto, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), à Folha. Isso significa, em relação aos números da produção de cana de 2007, um aumento de 95,5%.

O prejuízo, entretanto, deverá ser debitado diretamente na conta dos produtores de soja, o principal grão usado para a produção de biodiesel. "Aqui, pode haver uma perda, no mercado nacional, de até R$ 6 bilhões". Em comparação com o mercado de 2007 deste grão, seria uma redução de 19,5%.

O cientista de Campinas é um dos autores de um estudo ainda inédito sobre o impacto das mudanças do clima sobre a agricultura. "Infelizmente, pelo resultado que nós temos, dá para perceber que o Nordeste do Brasil será a área mais afetada [pelo clima]", afirma Pinto.

Segundo ele, os cálculos do mercado da cana e da soja para 2020 também vão constar desse novo trabalho. "Nós fizemos uma análise minuciosa para todos os 5.172 municípios brasileiros", diz o agrônomo. Ao todo, dez culturas ainda estão sendo analisadas.

Enquanto a produção de cana ficará prejudicada em Estados como Pará, Piauí e Tocantins (em todos existem planos para a ampliação desta cultura), a soja deverá perder terreno, além do Nordeste (no oeste da Bahia já existem algumas plantações), também no Centro-Oeste, diz o estudo. "Mas, em compensação, ela deve ganhar mais áreas nos Estados da região Sul do país", diz Pinto.

Mamona em falta

O drama nordestino, em termos de produção de biomassa, deve provocar outra conseqüência. Deve ser o fim de um dos programas sociais do governo federal na área da energia. Com um aumento de até 3C nos termômetros da região, segundo Pinto, a produção da mamona -feita pelo pequeno produtor com incentivos públicos- vai ficar totalmente inviável.

Apesar de as condições climáticas ficarem favoráveis para a cana-de-açúcar em quase todo o país, segundo tanto os dados paulistas quanto os da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), que também fez as suas próprias estimativas, o problema disso, no caso específico do semi-árido, é aumentar a pressão sobre a biodiversidade da região.

Várias espécies que vivem no bioma caatinga, por exemplo, correm o risco de extinção. É exatamente sobre essa região brasileira, entre outras, que os estudos que projetam o crescimento de áreas de cana-de-açúcar mostram que essa cultura será muito bem-vinda. "É uma cultura que adora bastante o calor e o carbono", diz o pesquisador da Unicamp.

Comentário do Blog: A questão das mudanças climáticas é cada vez mais importante. As bases econômicas e sociais de várias regiões podem sofrer variações muito importantes que poderão anular investimentos públicos e privados de uma hora para a outra. A questão da Amazônia é fundamental e os dados do desmatamento mostram que as políticas adotadas até agora são ineficazes. Como não temos grandes centros científicos na região Nordeste e Amazônica ficaremos a reboque de decisões vindas de fora. É preciso colocar essa nova agenda em discussão, na região.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Um marco legal para a mídia

O advogado Pedro Serrano defende regras para evitar abusos de poder da grande mídia (Verônica Couto)

A Lei de Imprensa ficou caduca, e 22 de seus artigos foram suspensos, em fevereiro, por liminar do ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal (STF). A remoção do “entulho autoritário” foi comemorada por jornalistas e ativistas dos direitos humanos. Mas há quem pergunte se é bom para a sociedade viver sem uma lei que regule a atividade da imprensa, ou da mídia, em geral. Para o advogado constitucionalista Pedro Serrano, o vácuo regulatório é ruim para o cidadão. Deve-se aproveitar o momento, diz ele, para debater um novo marco legal, que aumente a responsabilidade social da mídia. Em vez de uma Lei de Imprensa, o advogado propõe uma Lei de Garantia de Direito da Informação. De um lado, impedindo a censura prévia, por quaisquer meios; de outro, protegendo o cidadão de abusos praticados em quaisquer veículos — jornal, rádio, TV, internet.

Sem isso, destaca Pedro Serrano, não há, por exemplo, garantia de direito de resposta; e as indenizações por crimes de calúnia e difamação, em ações baseadas apenas nos Códigos Civil ou Penal, têm valores ínfimos, em comparação ao porte das empresas. Ele é a favor de multas pesadas, sem limites prévios, e de um papel de regulador ético da atividade para o Judiciário. E, de modo a assegurar um espírito realmente republicano à comunicação no Brasil, defende o fim da renovação automática das concessões de radiodifusão, prevista no próprio texto constitucional. “É mecanismo imperial e absurdo”, diz.

Comentário do Blog: O que se passa aqui no Maranhão é exemplo que dá suporte e razão ao que diz o Dr. Serrano. A imprensa montada pela oligarquia para servir como instrumento maior para manter o poder e que não respeita fatos, nem a verdade e nem ninguém, é um escândalo de autoritarismo e desrespeito a democracia. Mentem, inventam fatos e diálogos que nunca aconteceram, quando querem atacar e desacreditar adversários. E nunca publicam direito de resposta.

No Brasil moderno não cabe esse tipo de imprensa.

A Pré-camapanha e a Justiça Eleitoral

1. Repetindo aqui a imagem usada várias vezes neste Ex-Blog como analogia com uma fotografia de anos atrás. A pré-campanha é o clique que fixa a imagem no celulóide. A campanha é a revelação da foto. Numa campanha sem pré-campanha o eleitor entra com muito menos informação e passa a ser mais facilmente atingido pela demagogia e “mercadopoliticaria”.

2. Nas democracias parlamentares a pré-campanha em tese é todos os dias, pois num regime de gabinete a qualquer momento pode ser dissolvido o parlamento. E num sistema binário ou ternário, já se conhece a qualquer momento, os nomes para primeiro ministro.

3. Nos EUA a pré-campanha é uma instituição de muitas décadas e por vários meses, chamada "primárias". Esse exemplo americano começa a ser seguido em alguns países da America Latina, como Uruguai, Chile e México que consagraram as primárias em lei.

4. No Brasil o TSE e TREs reprimem a pré-campanha e a entendem como campanha fora de época. Esse é um processo crescente e que ganha intensidade. Com isso as informações não chegam ao eleitor e os candidatos de máquinas públicas ou de máquinas privadas como igrejas com meios de comunicação, passam a levar vantagem sobre os demais, especialmente os menos conhecidos.

5. Se naqueles países é assim, muito mais num presidencialismo pluripartidário onde a confusão de informações concentradas -especialmente a partir da entrada da TV- desinformam mais do que informam e formam e transformam as eleições em jogos de máquinas.

6. O TSE, e os TREs, deveriam, logo após as eleições de 2008 (pois já estamos no mês das convenções), rever estes procedimentos e analisar se a repressão que exercem às pré-campanhas não produz o resultado inverso ao que pretendem.

Comentário do Blog: O processo das primárias como adotado nos Estados Unidos me parece muito democrático. Estamos vendo o final delas e a disputa travada pelos democratas é fantástica porque permite a um senador filho de pais imigrantes vencer um grupo muito forte de outra senadora que é esposa de um ex-presidente do país que exerceu o mandato por 8 anos. Se fosse decidido, como aqui, pelos chefões do partido, entre quatro paredes, jamais daria o Obama.

POSTO 9!
A linguagem e os símbolos do Posto 9 em Ipanema, são incompreensíveis para o resto do Brasil e estão prejudicando a imagem do ministro do meio ambiente pelo Brasil a fora e pela grande mídia nacional fora de do Rio.

O BAIXO NÍVEL DA POLÍTICA SUL-AMERICANA! MORALES PRESIDENTE DA BOLÍVIA, CHAMA GARCIA -PRESIDENTE DO PERU- DE GORDO E POUCO ANTI-IMPERIALISTA!
EL PAIS (Evo Morales ve a Alan García “gordo y poco antiimperialista")

Morales recordó que en 1989 asistió en Perú a una conferencia de García, quien entonces era, en su opinión, un “orador de primera, antiimperialista” y, además, estaba “muy flaco”. “Ahora lo veo muy gordo y poco antiimperialista. Es mi preocupación sobre el compañero Alan García”, afirmó en una conferencia en las afueras de la ciudad de La Paz. Comentó también que el presidente peruano “critica” a los Gobiernos de Cuba y Venezuela, dos de los mayores aliados

As três notas são do ex-blog do Cesar Maia

terça-feira, 3 de junho de 2008

Pequenas Grandes Obras

Li no jornal Estado do Maranhão do grupo Sarney que estou brigando com o João Castelo. Que reinaldistas falam mal de Castelo e castelistas falam mal de mim. Como não conheço nenhum reinaldista, peço que me apresentem pelo menos um.

Bem, se eles falaram, então deve ser verdade. Castelo, me lembre que quando nos encontrarmos, não poderemos falar um com o outro. Aliás, quero agradecer a maneira simpática com que me receberam no porto sexta-feira. E parabéns pelo trabalho que fizeram lá e pelo que me mostraram.

Sarney não descansa da tentativa de tomar o porto para que ele possa fazer um governo paralelo no Maranhão. Há grandes empresas que querem monopolizar e tomar conta do porto de maior futuro do Brasil. Um filé para uma empresa privada. Cobrariam o preço que quisessem para quem usasse o porto. Além de usá-lo de graça. Se Roseana Sarney ganhasse a eleição era muito provável que isso viesse a acontecer, pois a família tem muitos amigos e parceiros em algumas delas. Era o comentário da época. Vale tudo para Sarney.

E eu soube, na visita, que o porto está equilibrado, não deve nada, e que este ano não recebeu nenhum real do governo federal. Bloqueio total. Por ordens de quem?

O presidente da Assembléia, João Evangelista, acompanhado de Eduardo Castelo Branco, que no meu governo foi responsável pelo setor de pesca, um dia foi falar comigo. Propôs fazermos uma obra de baixo custo que iria proporcionar alimento abundante e barato para a população de Anajatuba. Era um canal de 6,6 Km de extensão com 10m de largura e 2 de profundidade, sem revestimento, que seria executado no campo com uma escavadeira. A obra seria feita em poucos dias e o custo estimado era de R$ 280 mil. Quase nada para os benefícios que seriam oferecidos à população. João Evangelista era um entusiasmo só pela obra. Vimos ali uma boa solução para grande parte da baixada. Autorizei as providências que eram necessárias para a execução do canal e torci para que tudo fosse feito com rapidez, por causa das chuvas que estavam para chegar.

Mal a iniciamos e o prefeito do lugar denunciou ao Ministério Público que a obra traria danos ambientais irreversíveis e o Ministério Público solicitou a paralisação da mesma. Levamos 5 preciosos dias para provar que a obra não traria nenhum prejuízo ambiental a Anajatuba, pelo contrário. E a obra pôde então prosseguir e ser concluída a tempo.

O Prefeito é sarneysista até nos métodos. É um aprendiz das malvadezas do Sarney. Quanto mais benefícios a obra proporcionar para a comunidade, mais ela deve ser impedida de ser feita. A não ser que possam tirar grande vantagem política e nenhum mérito couber a um adversário no governo. Se não puderem se beneficiar, é melhor não vir. Vide siderurgias e refinarias que estavam destinadas para cá e foram para outro lugar.

O prefeito, como bom sarneysista e mau prefeito, primeiro tentou impedir a execução. Como não conseguiu, começou, após algum tempo a dizer que ele é que tinha conseguido com o governo. Qualquer semelhança não é mera coincidência. Hoje já foram executados vários outros canais, tanto em Anajatuba como em outros municípios. A população é que se beneficiou. Estão sendo produzidas 200 toneladas de peixes nativos da região sem ninguém ter colocado nenhum quilo de alevinos ou de ração. E, dependendo da época do ano, não se gastam nem 5 minutos para pegar o almoço ou jantar. Quem vai comprar, gasta R$ 0,30 por quilo de peixe.

Hoje, famoso, o canal é conhecido como Canal do Troitá. Uma beleza que está ajudando um município que nada produzia a ser fornecedor para os municípios vizinhos.

Outro pequeno grande projeto é o do Campo Agrícola de Fomento no Bairro São Benedito, zona urbana de Codó. É um projeto tocado pelos lavradores da Associação dos Pequenos Produtores. O projeto foi estruturado pela Prefeitura de Codó. O Prefeito, Biné Figueiredo, faz uma grande administração e Codó é hoje uma cidade bonita e renovada. Foram entregues às 28 famílias oito tanques para criação de peixes e um laboratório. São alevinos e reprodutores. Os lavradores estão experimentando trabalhar com piscicultura, aprendendo a fazer a manutenção do projeto. No futuro tocarão, sozinhos, o empreendimento, mas já agora se preparam como cooperativa para vender a produção e dividir o resultado entre todos. Ao lado da estação de piscicultura estão cultivando milho e arroz, além de verduras e legumes em um campo de fomento. Estão muito esperançosos de que a vida mudará muito e para melhor.

Estive acompanhando o Prefeito Biné e o deputado Camilo Figueiredo em uma visita ao projeto. Gostei demais do que vi e do que ouvi. A presidente da associação, Maria Raimunda, me disse cheia de felicidade: “Nunca fui tão feliz como agora. A felicidade é geral. Vamos aprender nós mesmos a manejar os tanques e a cuidar de tudo”. O governo fornecia as sementes de arroz e milho e a prefeitura, os alevinos e a assistência técnica inicial.

É um projeto que pode ser multiplicado a vontade em várias regiões do estado, levando a muitos outros a mesma felicidade expressada por Dona Maria Raimunda.

domingo, 1 de junho de 2008

O Maranhão e a Crise Mundial da Produção de Alimentos

Reproduzo abaixo artigo do Professor José Lemos:


O Maranhão e a Crise Mundial da Produção de Alimentos

A elevação dos preços dos alimentos no mundo veio para ficar. Mesmo que cresça a sua produção por causa do estimulo dos preços, ainda assim eles não serão flexíveis para baixo, como aprendemos com Keynes. A estabilização dos preços dos alimentos ocorrerá em patamares bem mais elevados do que os observados até recentemente.

A disparada dos preços do petróleo, que nesta semana voltou a ultrapassar US$ 130,00 por barril, devidamente condimentada pela utilização de milho como fonte de bioenergia nos Estados Unidos e Europa, principalmente, são alguns dos ingredientes que constroem o cenário de escassez e que induzem ao encarecimento da comida no mundo. Vale ressaltar que os paises desenvolvidos ainda subsidiam a produção de alimentos e de matérias primas para biocombustiveis. Esses subsídios inviabilizam a capacidade competitiva dos paises pobres que tem na produção agrícola o seu principal item de vantagem comparativa. Além disso, o subsidio à bioenergia nesses países, contribui para a substituição de áreas destinadas à produção de alimentos por produção de agroenergia.

Dentre os produtos alimentares, o arroz é o cereal mais importante da dieta de quase todos os povos no mundo, teve o seu preço duplicado em menos de um ano. O Brasil não passa ileso deste cenário internacional e já se observa pressão inflacionaria vinda principalmente dos itens que compõem a cesta de alimentação dos brasileiros, sobretudo dos mais pobres, inclusive com grande elevação do preço do arroz.

Nesta conjuntura nacional e mundial o Maranhão detém um grande potencial para ocupar vácuos tanto na produção de alimentos como na de matérias primas para a bioenergia. Com efeito, o Maranhão já foi o terceiro maior produtor de arroz do Brasil no começo dos anos de 1980. Em 1982, o Maranhão plantou a maior área de arroz desde que o IBGE começou a fazer registros em 1933 (1.167.204 hectares). Naquele ano os arrozeiros maranhenses colheram a maior produção histórica de 1.575.030 toneladas. Portanto com uma média de 1,35 toneladas por hectare. Em 1982, o Maranhão também teve as maiores colheitas de feijão, mandioca e milho, que juntas ao arroz, chegaram a 3.584 gramas diárias por habitante naquele ano. Também o maior registro histórico desde 1933.

Em função de uma série de equívocos na condução da política agrícola do Estado, que começou em nível Federal em 1985, a área colhida de arroz no Maranhão chegou ao fundo do poço em 1998, atingindo inacreditáveis 425.736 hectares. Naquele ano os arrozeiros maranhenses colheram apenas 380.953 toneladas, portanto com um rendimento medíocre de 894,81 quilos por hectare (66,3% da média de 1982 que já era baixa).

De acordo com o Censo Agropecuário de 2007 a área total do Estado é de 14.984.830 hectares, dos quais 4.077.548 estavam ocupados com lavouras (perenes e temporárias); 6.162,.692 hectares eram de pastagens nativas ou cultivadas e 4.641.773 hectares estavam cobertos com matas e florestas nativas ou cultivadas. Em 1982, arroz, feijão, mandioca e milho ocupavam 2.288.113 hectares. A partir de 2002 o Maranhão iniciou a retomada da sua atividade agrícola com a participação ativa do Estado. O conjunto de ações que reconstruiu o aparato institucional e técnico voltado para o setor fez o Maranhão concluir 2006 com uma área agregada daquelas culturas de 1.235.692 hectares.

O grande desafio para o Estado seria retomar até 2010 a área que foi colhida em 1982 com essas culturas alimentares e elevar as respectivas produtividades da terra. Isso é possível mediante acesso dos agricultores familiares a todas as modalidades de crédito do PRONAF. Através da melhoria e da ampliação dos serviços de assistência técnica, pesquisa e extensão rural, seria possível elevar a produtividade do arroz para quatro (4) toneladas por hectare; a do feijão para uma tonelada por hectare; a da mandioca para 15 toneladas por hectare e a do milho para duas toneladas por hectare. Isso sendo feito sem derrubar uma única árvore das matas e florestas do Estado, mas, ao contrário fazendo ações paralelas de recuperação das áreas degradadas do Semi-Árido maranhense onde sobrevivem mais de 1,2 milhões de brasileiros.

Apenas com essas ações a produção total desses quatro itens saltaria para aproximadamente 13,8 milhões de toneladas. Considerando somente o arroz o Maranhão produziria aproximadamente 4,5 milhões de toneladas. Aos preços de hoje, em nível de produtor, isso significaria para os agricultores e para o Maranhão um montante entre cinco e 5,4 bilhões de reais. O PIB do Maranhão em 2005 foi de R$ 25,33 bilhões. Portanto, em valores de hoje, apenas essa produção representaria 21,32% de todo o PIB do Estado. Tudo isso dependeria apenas de uma série de ações proativas. Um grande desafio!


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José Lemos é Engenheiro Agrônomo e Professor Associado na Universidade Federal do Ceará. lemos@ufc.br. Autor do Livro “Mapa da Exclusão Social no Brasil: Radiografia de Um País Assimetricamente Pobre”.