quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Áudio do depoimento de Gabrielli sobre a Refinaria Premium no Maranhão

Em resposta à nota enviada pela assessoria de imprensa da Petrobráas, o blog disponibiliza a matéria com áudio das informações prestadas pelo presidente da estatal, Sérgio Gabrielli, ao Deputado Federal Carlos Brandão (PSDB-MA), durante audiência pública na Câmara dos Deputados.

O deputado Brandão lamentou o episódio e afirma que as pressões políticas devem ter sido muito fortes para que a Petrobrás tenha se submetido a esse trocadilho de informações que agora confundem as autoridades e a população maranhense.


Sérgio Gabrielli não Pode Mentir

O ministro Edson Lobão abraçou com ênfase fora do comum o projeto da refinaria Premium para o Maranhão. Onde quer que vá é questionado quando começam as obras do projeto, o que o motiva a dar respostas apontando invariavelmente para datas próximas. Não deixa espaço para dúvidas. Tem sido muito convincente com suas certezas sobre o empreendimento.

Parece ser o único a lutar para valer pela refinaria. Essa convicção absoluta expressada por ele pode lhe trazer uma grande votação, para o senado ou para o governo, se realmente o projeto acontecer. Do contrário, se a refinaria não sair, à despeito do seu esforço, o eleitor pode achar que foi vítima de manipulação eleitoral, que foi enganado, e se recusar a votar nele. É um risco enorme!

O ministro, embora muito incomodado com meu artigo de terça-feira passada - “Gabrielli joga balde de água fria” - resolveu não contestá-lo, tampouco instou o jornal da oligarquia para que que o fizesse. Preferiu cobrar um desmentido do presidente da Petrobras. Mas, em telefonema para um ilustre amigo meu, contou-lhe que eu estaria enganado e que aquilo seria ruim para mim. Disse-lhe ainda que ele ia mandar fazer e concluir a refinaria em quatro anos e que estaria na Assembléia Legislativa no dia 8 de outubro para esclarecer qualquer dúvida.

Edison Lobão falou tudo isso antes de saber que Gabrielli, presidente da Petrobrás, prestara depoimento em uma Comissão da Câmara dos Deputados em Brasília e falara a respeito do projeto da Refinaria Premium no Maranhão. Em resumo, quando indagado pelo do deputado Carlos Brandão (PSDB-MA) sobre prazos de início e conclusão da obra, sobre se os projetos já estavam sendo realizados etc, o dirigente da estatal, para grande espanto dos deputados, iniciou a resposta dizendo que era técnico e que tinha que ser realista. Os presentes entenderam que, se alguém estava querendo tirar proveito político e eleitoral com o assunto, certamente não era ele.

Gabrielli continuou dizendo que eram cinco as refinarias no Nordeste e que ainda não haviam sido elaborados os seus projetos. Informou também que o terreno destinado para a obra tinha pendências de titulação que poderiam levar dois anos para serem sanadas, o que inviabilizaria o pronto início do cumprimento de etapas básicas e primordiais de licenciamento ambiental.

Por fim, concluiu dizendo que quando os referidos serviços pudessem ser contratados, ter-se-ia que se esperar dois anos por sua conclusão. E que o projeto da refinaria, com toda a sua complexidade levava 3 anos para ser feito e que, após isso, o projeto levaria de 7 a 8 anos para ser concluído. Coisa para 10 anos, no mínimo.

Com isso, fica claro então que o executor da obra, o responsável para que ela aconteça, diverge frontalmente do ministro Lobão sobre a refinaria. Sem falar na parte financeira, orçada em 20 bilhões de dólares, a ser executada com as finanças do mundo patinando.

Essas controvérsias parecem mostrar-nos que o ministro é o único a ter certezas na execução da refinaria. O que muito nos preocupa, pois é tal a importância da refinaria para o futuro do Maranhão, que o temor associado à uma eventual saída do ministro em abril de 2010, para concorrer a cargo eletivo no estado é crescente. Sim, porque, deixando o Ministério de Minas e Energia, Lobão permitirá que o projeto da refinaria morra, por carência de defensores de peso dentro do governo.

Assim, mais uma vez o sonho do Maranhão fique apenas na intenção... A não ser que o ministro ficasse até o fim do governo Lula para capitanear o início de tão importante obra para o nosso desenvolvimento e adiasse, pelo bem do estado, qualquer projeto político no curto e médio prazo. Eu fiz isso em 2006 para que o Maranhão pudesse ter a oportunidade de se livrar da oligarquia e seus métodos.

Pense nisso, ministro! Veja que assim, se conseguir trazer a refinaria, em 2014 se elege o que quiser!

Mas, voltando as nossas reflexões, como o ministro não é técnico, cuidou apenas da parte política e não prestou atenção que uma refinaria, como qualquer empreendimento grande, antes de começar a ser executada prescinde da elaboração e conclusão de projetos altamente complexos que ainda não estão sendo executados. Sem eles, refinarias não são feitas. Devia ter criado uma comissão ministerial de acompanhamento dessas providências, para ter o controle de tudo. Evidentemente, esse movimento teria que englobar técnicos altamente qualificados e experientes. Agora parece tarde e audiências públicas não querem dizer nada e tampouco satisfazem os questionamentos, pois nem projetos existem.

Entretanto, um pressionado Gabrielli disse que ia fazer o muro, cercando o terreno da refinaria e iniciaria a terraplenagem. Cuidado, maranhenses, isso de nada vale. Em Pernambuco, já fizeram a terraplenagem há cinco anos e até agora nada da refinaria...

Mudando de assunto, na semana passada estive com Flávio Dino em Santa Luzia do Tide, na posse do prefeito daquele município, que teve enorme maioria de votos, mas assim mesmo passou por grandes dificuldades, pois queriam tomar-lhe o mandato por meio de decisões judiciais. Finalmente, fez-se justiça e o Márcio tomou posse. Foi uma festa vibrante e emocionante. Fiquei impressionado com a ruidosa saudação que Dino recebeu. Ele, que teve ali apenas cinqüenta votos na eleição de deputado. É impressionante a aceitação do seu nome pela população maranhense.

Por falar nisso, em recente e concorrido congresso do PC do B, ele declarou ser candidato ao governo do Maranhão. A corrida está se definindo.

O vice-governador João Alberto, aonde vai, nota que a classe política está lhe tratando com a maior deferência. Em almoço de aniversário, até o “chefão” estava lá e deixou-se fotografar junto ao vice-governador. Foi só eu falar que ele é que estaria no governo a partir de abril do ano que vem e presidiria as eleições para o clima mudar. Está me devendo essa...

Mas o que quero ver é Sarney participar, junto com a filha Roseana Sarney, de qualquer ato público. Parece que a ordem é para ele ficar longe dela. Como se trata de pai e filha, e ele a adora, isso é desumano. Mas, devida a sua alta rejeição, a palavra dos marqueteiros soa como ordem e deve ser seguida a qualquer custo...