terça-feira, 5 de junho de 2012

A CHINA E A REALPOLITIK


Henry Kissinger escreveu um livro monumental intitulado “Sobre a China”. Na obra, ele descreve a China desde seus primórdios, suas doutrinas, o caráter nacional chinês, seus princípios fundamentais desde o começo daquele país como nação. Aliás, a China é tão antiga que não se sabe ao certo quando começou como nação. Kissinger descreve as guerras internas ocorridas ali entre tribos que dividiram o território chinês por dezenas de anos, mas que sempre voltava a se reunir. Descreve a hostilidade de seus vizinhos, o perigo do expansionismo russo, os governos mais recentes, a aproximação com os Estados Unidos (em cujos governos dos presidentes Nixon e Ford, Kissinger foi Assessor de Segurança Nacional e Secretário de Estado) e a transformação muito bem conduzida da nação chinesa, que a tornou  superpotência mundial, com grande colaboração dos americanos.

Para se ter ideia da grandeza eterna da China, vejam esses dados: “Na verdade, a China produzia uma parcela maior do PIB mundial total do que qualquer sociedade ocidental em 18 dos últimos 20 séculos. Ainda em 1820, ela produziu mais de 30% do PIB mundial- quantidade que ultrapassava o PIB da Europa Ocidental, da Europa Oriental e dos Estados Unidos combinados”.

Os chineses têm sido astutos praticantes da realpolitik e estudantes de uma doutrina estratégica, obrigados por uma história turbulenta que os ensinou que nem todo problema tem solução e que uma ênfase exagerada no pleno domínio de eventos específicos poderia perturbar a harmonia do universo. Um dos seus generais, Sun Tzu, lançou a “Arte da Guerra”, livro que permanece como texto central do pensamento militar e encontra-se hoje adaptado para as ciências dos negócios e da política.

Sobre o assunto, diz Kissinger: “talvez a visão mais importante de Sun Tzu tenha sido de que, em uma disputa militar ou estratégica, tudo é relevante e está interligado: clima, terreno, diplomacia, relatórios de espiões e agentes duplos, suprimentos e logística, o equilíbrio de forças, percepções históricas, fatores intangíveis como surpresa e moral. Cada fator desses influencia os demais, dando surgimento a sutis mudanças de ímpeto e vantagem relativa. Não há eventos isolados”. E depois ele conclui: “Nenhuma constelação particular pode estar estática; qualquer padrão é temporário e em essência está evoluindo. Deve-se capturar a direção dessa evolução e fazer com que sirva a seus fins”.

Essa visão garantiu a unidade da China e a tornou um dos países que mais crescem no mundo de hoje.

Como disse acima, Sun Tzu hoje está adaptado para os grandes negócios e a política. Isso nos mostra essencialmente que nada é isolado e para ter sucesso é preciso pensar nas consequências de cada ação.

Com efeito, aduz-se facilmente que, ao adaptarmos essas constatações ao que vivemos aqui no Maranhão, poderemos nos dar conta de que  o que vivemos aqui na política em 2012, está ligado, muito ligado a 2014, e o que se fizer de errado agora, impactará diretamente ali. Sem dúvidas.

Ao dizer isso, quero repetir que não sou contra nenhuma candidatura dos quatro autointitulados oposição. Sou contra é que eles tragam Flávio para a confusão já armada e ataquem João Castelo, como se este fosse o adversário que enfrentaremos em 2014. O adversário de 2014, como de sempre, é o clã Sarney, não há outro.

O problema não é Castelo, muito pelo contrário, o problema é a tentativa permanente da governadora Roseana de impedir a ação do prefeito, mais do que comprovado e, sobretudo, conhecido. Se Castelo não fosse um ótimo administrador, ele não conseguiria trabalhar. Ele consegue, porque é competente, dedicado e experiente. Castelo prepara bons projetos e quando o governo federal abre programas para transferir recursos, ele os tem prontos e são, assim, aprovados. Muito diferente do governo do estado, que não tem projetos e, portanto, não tem nada  aprovado pelo governo federal. Castelo já conseguiu mais recursos que Roseana, que tem padrinho forte - seu pai - mas não tem projeto e nem sabe trabalhar.
Qualquer prefeito menos experiente não conseguiria nada, diferentemente de Castelo, que merece continuar sua administração para concluir seu trabalho.

As pesquisas eleitorais qualitativas ficaram famosas depois de 2006, quando as utilizamos, e elas nos ajudaram a ganhar a eleição, principalmente confirmando o que já sabíamos nos contatos políticos.

Agora estão achando que pesquisas qualitativas decidem quem ganha uma eleição e quem já perdeu, além de definir candidatos. Não é nada disso. Eleição depende de muitas coisas, tais como desempenho como candidato, debates, passado, grupo político e principalmente realizações. Se essa modalidade de investigação de motivações eleitorais realmente decidisse vencedor do pleito, no extremo até poderíamos, se fosse verdade, substituir o voto pela mágica pesquisa qualitativa. E ademais são poucos os bons profissionais que realmente dominam essa ciência da política.

Quero contar a vocês, poucos amigos sabem, que quando disputei a eleição em 2002, fui chamado uma tarde à casa de Roseana Sarney. Chegando lá, encontrei-a e também uns doutores da empresa Census, que estavam mostrando a ela uma pesquisa qualitativa. Era meados de julho, faltando então pouco mais de dois meses para a eleição.

Os doutores abriram aquele papelório e me deram o veredito a que chegaram: eu não tinha nenhuma possibilidade de ganhar aquelas eleições, eles tinham feito todos os cruzamentos de dados e o resultado era esse. Portanto, Jackson Lago seria o vencedor da eleição, disseram-me.

Nem argumentei. Sai dali direto para o avião que me esperava e continuei do mesmo modo e garra a minha campanha. O resultado todos sabem, venci a eleição em outubro, no primeiro turno.

Então repito: o adversário em 2014 é a oligarquia, que prostrou o estado perante o Brasil, ao produzir como resultado de longo domínio somente atraso e pobreza.

Se nos unirmos, venceremos!