terça-feira, 29 de março de 2016

INOVAÇÃO E TECNOLOGIA



A situação atual está tão obscura que fomos obrigados a dar uma pausa em nosso trabalho para criar as condições favoráveis para a instalação, em Alcântara, de um novo Instituto Tecnológico da Aeronáutica aqui no Nordeste. E tivemos que parar, porque o governo federal não funciona mais e a presidente não se empenha e nem se interessa por outra coisa que não seja escapar do impeachment. Uma pena, pois já temos o apoio do ministro da Defesa, do Ministro da Aeronáutica e do Reitor do ITA, ou seja, do pessoal que, se não fossem partidários da ideia, seria quase impossível pensar nesse projeto. 

A fim de avançarmos, porém, é fundamental o apoio da presidente, dando o sinal verde necessário para que possamos buscar os recursos em diversos ministérios e outras instituições do governo. Por via das dúvidas, já falei com pessoas que reputo estratégicas no provável novo governo que, sucedendo o impeachment, poderão ser muito importantes para o nosso êxito. Foram informados do nosso sonho e de sua importância para o Maranhão.

O nosso padrinho direto nesse empreendimento é o professor do ITA, engenheiro e Brigadeiro da Aeronáutica Maurício Pazini, que me enviou recentemente um livro sobre a vida e a luta do Marechal Casemiro Montenegro Filho, homem extraordinário, idealizador e principal responsável pela existência do ITA, do CTA, e da indústria aeronáutica brasileira. A obra foi escrita por Ozires Silva, outro grande homem, fundador da Embraer e também ex-presidente da Petrobras, da Varig e Ministro de estado da Infraestrutura; e por Décio Fischetti, especializado em Design e Marketing.

Pazini, ao enviar o livro, teve a extraordinária gentileza de fazer uma dedicatória generosa: “Ao ilustre deputado José Reinaldo Carneiro Tavares, para que se inspire na criação de um novo ITA. Abraços, Brigadeiro Pazini”.

O Marechal Montenegro, quando escolheu São José dos Campos para sediar o ITA, o fez por achar que aquele local reunia uma conjugação de fatores absolutamente indispensáveis: ficava às margens da futura rodovia Presidente Dutra, que liga o Rio de Janeiro a São Paulo; pelas condições climáticas favoráveis; pela topografia plana e pela facilidade de comunicações. Além disso, a região possuía relativo afastamento dos grandes centros urbanos (São Paulo, por exemplo, fica a 86 quilômetros) e estava próxima ao porto de São Sebastião, provido de desembarque de grande capacidade para a montagem dos futuros laboratórios do CTA.

São José era, naqueles tempos da década de 1940, uma pequena cidade de 40 mil habitantes, metade deles vivendo na área rural. A vocação do município à época, devido ao clima, era favorável ao tratamento da tuberculose, contudo, em 1946, com a descoberta da penicilina, essa característica deixou de ser um ponto de destaque.

Dessa forma, o anúncio de que o Ita e o CTA seriam aí instalados contou com um grande apoio da comunidade, que compreendeu que a perspectiva da pesquisa e desenvolvimento, no campo da indústria mecânica, da física, da química, da eletrônica e da engenharia aeronáutica poderiam vir a revolucionar a cidade e a e o Vale do Paraíba. Antes disso, para terem uma ideia, essa região era decadente, chegando a ser chamada por Monteiro Lobato de “as cidades mortas” do Sudoeste de São Paulo.

Com efeito, a Câmara de vereadores de São José dos Campos doou um terreno de área total de 9.280.000 metros quadrados para o Instituto e então tudo começou. 

Hoje estão instaladas no município importantes empresas como a Panasonic, Johnson & Johnson, Ericsson, Philips, General Motors (GM), Petrobras, Monsanto, Embraer entre outras. São José possui importantes centros de ensino e pesquisa, tais como o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), o Instituto de Pesquisa Espaciais (INPE), o Instituto de Estudos Avançados (IEAv), o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), a Universidade do Vale da Paraíba (UNIVAP), o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), a Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (FATEC) e o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IP&D), sendo um importante tecnopolo de material bélico, metalúrgico e sede do maior complexo aeroespacial da América Latina. 

Hoje a cidade possui mais de 700 mil habitantes e é uma das regiões mais desenvolvidas do estado de São Paulo.

O nosso ITA maranhense, até por força do maior argumento que temos para convencer autoridades importantes da justeza em traze-lo para cá - que é a existência do Centro de Lançamentos de Alcântara (CLA). Não por acaso, tudo o que Montenegro buscou ao escolher São José dos Campos para o seu ITA está presente em Alcântara. Tudo. Dessa forma, não dá para discutir o local mais adequado para o nosso instituto.

Alcântara, hoje uma cidade morta, sem atividade econômica, encravada em uma região também muito deprimida, poderá no futuro ser uma cidade dinâmica, com grande atividade em pesquisa, ciência e tecnologia, um polo muito dinâmico, liderando o desenvolvimento da Baixada maranhense.
E vejam que isto está ao nosso alcance, mas precisamos lutar, pois nada importante assim é fácil.

E, para finalizar, o governo federal atual marcha para o seu ocaso. No Congresso, com a saída do PMDB, maior partido da sua base, e a inevitável dissidência de outros importantes partidos, a sorte parece estar definitivamente lançada. O governo isolado, consequência de seus gravíssimos erros, não parece ter mais condições de reverter essa rota. O quadro político está virando unanimidade, algo muito parecido com o que vimos no impeachment de Collor.

É esperar para ver.